quarta-feira, 29 de abril de 2009

Em entrevista ao jornal do estado ... digno !

JE — O canalha deve ser desejado, evitado ou domesticado pelas mulheres?

Carpinejar: Quando é evitado, torna-se ainda mais intenso e desafiador. Quando domesticado, acaba revelando que não era um canalha. A canalhice é um excesso de imaginação. A saída é desejá-lo. O canalha procura uma mulher capaz de entendê-lo e que não tente ajustá-lo.



Sendo assim, está feito.

. Segundo ele .

segunda-feira, 27 de abril de 2009

. Legião Estrangeira .

A um certo modo de olhar, a um jeito de dar a mão, nós nos reconhecemos e a isto chamamos de amor. E então não é necessário o disfarce: embora não se fale, também não se mente, embora não se diga a verdade, também não é mais necessário dissimular. Amor é quando é concedido participar um pouco mais. Poucos querem o amor, porque amor é a grande desilusão de tudo o mais. E poucos suportam perder todas as outras ilusões. Há os que se voluntariam para o amor, pensando que o amor enriquecerá a vida pessoal. É o contrário: amor é finalmente a pobreza. Amor é não ter. Inclusive amor é a desilusão do que se pensava que era amor. E não é prêmio, por isso não envaidece, amor não é prêmio, é uma condição concedida exclusivamente para aqueles que, sem ele, corromperiam o ovo com a dor pessoal. Isso não faz do amor uma exceção honrosa; ele é exatamente concedido aos maus agentes, aqueles que atrapalhariam tudo se não lhes fosse permitido adivinhar vagamente.

Clarice Lispector

domingo, 26 de abril de 2009

. Livrai-me dos becos de mim .

Que eu não perca a capacidade de amar, de ver, de sentir. Que eu continue alerta. Que, se necessário, eu possa ter novamente o impulso do vôo no momento exato. Que eu não me perca, que eu não me fira, que não me firam, que eu não fira ninguém. Livra-me dos poços e dos becos de mim, Senhor.
Que meus olhos saibam continuar se alargando sempre.



Caio F. Abreu

sábado, 25 de abril de 2009

Mas de tudo isso...

Mas de tudo isso me ficaram coisas tão boas... Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo.

Caio Fernando Abreu

. Responda se puder .

O que é pior, o sofrimento da dúvida ou a angústia da certeza?


Nelson Rodrigues.

. Dizia Hobbes .

" ...é que não há propriedade, nem domínio, nem distinção entre o meu e o teu; só pertence a cada homem aquilo que é capaz de conseguir, e apenas enquanto for capaz de conserva-lo. "


Ps: Ele falava mesmo de política ?!

Só pro meu prazer - Leoni .

"Não fala nada
Deixa tudo assim por mim
Eu não me importo se nós não somos bem assim
É tudo real nas minhas mentiras
E assim não faz mal
E assim não me faz mal não

Noite e dia se completam no nosso amor e ódio eterno
Eu te imagino, eu te conserto
Eu faço a cena que eu quiser
Eu tiro a roupa pra você
Minha maior ficção de amor
E eu te recriei só pro meu prazer
Só pro meu prazer

Não vem agora com essas insinuações
Dos seus defeitos ou de algum medo normal
Será que você não é nada que eu penso?
Também se não for não me faz mal
Não me faz mal não

Noite e dia se completam no nosso amor e ódio eterno
Eu te imagino, eu te conserto
Eu faço a cena que eu quiser
Eu tiro a roupa pra você
Minha maior ficção de amor
E eu te recriei só pro meu prazer
Só pro meu prazer..."
Pra ser grande, sê inteiro: n a d a teu exagera ou exclui. Põe o quanto és no mínimo que fazes...

Fernando Pessoa
É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.
É preciso não esquecer de ver a nova b o r b o l e t a
nem o céu de sempre.
O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.
O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.
O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence.

Cecília Meireles
"Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão"

Cecília Meireles

sexta-feira, 24 de abril de 2009

" Chorar, se desse resultado, eu acabaria com a seca de qualquer Estado, de qualquer espírito.
Mas amor não se pede, imagine só.
Ei, seu tonto, será que você não pode me olhar com olhos de devoção porque eu estou
aqui quase esmagada com sua presença? Não, não dá pra dizer isso. "
"E c h e g a! Há anos peço o príncipe e só me mandam o cavalo."

Tati B .
" Que papo é esse?
Entre idas e vindas me resumo feliz. Entre altos e baixos me resumo equilibrada. Sendo assim, tá na cara e não tem pane: ando meio mal mas vou sair dessa. "

Tati Bernardi

ai ai

Os três pontinhos são o que me matam, ponto final seria a dureza clara e o fim da história, três pontinhos são o que me matam.

[...]

E você continua indo embora, e eu continuo ficando, vendo você levar partes de mim que antes eu nem sentia falta.
E você continua escrevendo sua história pulando linhas, errando palavras, esquecendo os títulos. E eu continuo escrevendo seu nome com letras cheias, para tentar preencher você de alguma maneira. Pra tentar deixar tangível a sua existência. E principalmente pra poder amassar o papel e jogar no lixo.

Tati Bernardi .

segunda-feira, 20 de abril de 2009

. ah , clarice .

"O que sinto eu não ajo.
O que ajo não penso.
O que penso não sinto.
Do que sei sou ignorante.
Do que sinto não ignoro.
Não me entendo e ajo como se me entendesse."

Clarice Lispector

. e essa é Pra você .

"Bom, para começo de conversa", comecei, ainda lhe apresentando um sorriso ameno e tranqüilizador, "você é um canalha e sabe disso. Tem medo de alguma coisa, ainda não sei do quê, mas vamos chegar lá. Comigo, você faz de conta que é simplório, um joão-ninguém, mas de si para si tem-se na conta de muito esperto, de importante, de durão. Não tem medo de coisa alguma, não é mesmo? Tudo conversa fiada, e você sabe muito bem. Vive cheio de medo. Diz que agüenta. Agüenta o quê? Um murro no queixo? Claro que agüenta, com uma cara de concreto feito a sua. Mas será que agüenta a verdade?"

Henry Miller

. Fragmentos pela noite .

-Sei, sei. Você vai perguntar: mas houve algum erro? Bem, não sei se a palavra exata é essa, erro. Mas estava ali, tão completamente ali, você me entende? No segundo seguinte, você ia tocá-la, você ia tê-la. Era tão. Tão imediata. Tão agora. Tão já. E não era. Meu Deus, não era. Foi você que não soube fazer o movimento correto? O movimento perfeito, tinha que ser um movimento perfeito. Talvez tenha demonstrado demasiada ansiedade, eu penso. E a coisa se assustou, então. Como se fosse uma fruta madura, à espera de ser colhida. É assim que vejo ela, às vezes. Como uma coisa parada, à espera de ser colhida por alguém que é exatamente você. Não aconteceria com outros. Depois, quando ela foge, penso que não, que não era uma fruta. Que era um bicho, um bichinho desses ariscos. Coelho, borboleta. Um rato. É preciso cuidado com o arisco, senão ele foge. É preciso aprender a se movimentar dentro do silêncio e do tempo. Cada movimento em direção a ele é tão absurdamente lento que o tempo fica meio abolido. Não há tempo. Um bicho arisco vive dentro de uma espécie de eternidade. Duma ilusão de eternidade. Onde ele pode ficar parado para sempre, mastigando o eterno. Para não assustá-lo, para tê-lo dentro de seus dedos quando eles finalmente se fecharem, você também precisa estar dentro dessa ilusão do eterno. (…)

- O erro? Eu dizia, pois é, o erro. Eu penso, se o erro não foi de dentro, mas de fora? Se o erro não foi seu, mas da coisa? Se foi ela quem não soube estar pronta? Que não captou, que não conseguiu captar essa hora exata, perfeita, de estar pronta. Porque assim como o movimento de apanhar deve ser perfeito, deve ser perfeita também a falta de movimento, a aparente falta de movimento do que se deixa apanhar. Você me entende? Eu penso também, e se houve alguma interferência no. No em-volta-dos-dois, no ar. No astral, eu penso também. Uma coisa de Deus, do invisível, do mistério, que embora pareça errada ao não te deixar apanhar o prometido, no entanto está absolutamente certa. Porque é assim que é. Naturalmente. As coisas sempre prestes a serem apanhadas. E você eternamente prestes a apanhá-las. Como uma sina. Sempre prestes.


Caio Fernando Abreu

.sem mais.

" ... as vezes sou extremamente tímida e em momentos que deveria ser, me comporto de modo extremo; as vezes me encanto profundamente com algo e pouquíssimo tempo depois, com uma habilidade que até admiro, perco o interesse. "

. Falta, excesso .

[ Texto retirado de um Blog ]


" Hoje percebo, depois de toda tentativa (incompetente) de entrega, que sou só. E não me refiro aqui a pressupostos existencialistas. Solidão é condição humana, mas não é a essa solidão compartilhada que me refiro. Hoje percebo - não feliz em perceber - que sou só. Porque pra mim ainda é difícil dividir, sempre acabo acreditando que preciso ME dividir, ainda é difícil fazer concessões. E qualquer relação requer isso. Cuidado também. E cuidado requer jeito, requer constancia, requer disposição, requer trato constante. O meu desleixo é sempre maior. Eu não sei ser constante. Eu sou a falta e, por isso mesmo, às vezes o excesso. E o excesso de cuidado também traz efeitos colaterais. "

=


EU